sábado, 15 de agosto de 2009

DESEMPENHO DE ESTUDANTES E AMBIENTE EMOCIONAL




Segundo estudos do filósofo e sociólogo chileno Juan Casassus, o desempenho dos estudantes na construção do conhecimento depende diretamente do ambiente emocional na qual estão inseridos.
Casassus afirma isto após a pesquisa que realizou em 14 países pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), no período entre 1995 e 2000, na qual analisou fatores que favorecem o bom desempenho dos estudantes. O ambiente emocional adequado a partir de um bom relacionamento entre professor e aluno, de acordo com Casassus, é fundamental para tanto.
O papel do educador para que o ambiente da sala de aula seja equilibrado deve ser através do domínio de conteúdos de sua disciplina, além do que saber receber as turmas, identificar e trabalhar os interesses e sentimentos dos estudantes. A pesquisa de Casassus mostra que para ter um ambiente adequado é necessário que os alunos se relacionem bem com os colegas, que não haja brigas e que não haja interrupções durante a aula. Esta sintonia entre alunos e professor em sala favorece o aprendizado na medida em que os estudantes sentem-se aceitos, e com os músculos relaxados, o medo de cometer erros se reduz, e assim, eles tornam-se mais espontâneos e participativos.
O controle da classe, segundo Juan Casassus, é decorrente de um aprendizado de conteúdos motivantes, desaparecendo a indisciplina, pois esta é decorrente do tédio produzido por aulas pouco interessantes. Para isso, é importante verificar as necessidades de acolhimento dos alunos e emoções ainda não compreendidas pela escola. É importante afirmar que respeitar os valores dos estudantes e problemas não significa que o professor deva ser amigo deles e que na verdade, este deve usar sua autoridade para advertir atitudes inadequadas de algum aluno durante a aula.
Para o conteúdo de estudos tornar-se significativo para os alunos é necessário que o professor adapte o currículo moderno a temas de interesse dos estudantes, pois o aprendizado, segundo o autor, exige uma motivação interna de quem aprende. A mudança principal é na maneira de ensinar e não “o que”. O importante, de acordo com o autor, é que o professor esteja preparado para situações inesperadas durante a aula e encontre idéias criativas e inéditas, evitando ensinar sempre do mesmo jeito.
Durante os anos 1990, pesquisas ressaltaram que percebemos o mundo pelos sentimentos, por meio de estímulos recebidos pelos sentidos, muito mais do que pela razão. E a escola atualmente, não tem lidado com as emoções dos estudantes de maneira adequada, pois herda muito do modelo antigo de instituição de ensino. A escola, segundo Casassus, precisa repensar o estudante como um indivíduo composto por três partes: razão, emoção e corpo, e não puramente racional.
Nesse contexto, o autor afirma sobre a importância para o educador de realizar um trabalho de autoconhecimento, pois assim consegue identificar, ler e trabalhar com as suas emoções e com as das pessoas ao seu redor. Dessa forma, a Educação Emocional pode ser desenvolvida pelo profissional, a partir de sete atitudes:

1. Ter consciência dos próprios sentimentos;
2. Observar o que ocorre com a turma;
3. Compreender as pessoas ao redor para estabelecer conexões com elas;
4. Cuidar da qualidade das interações;
5. Ter consciência das ligações entre as coisas que acontecem na aula;
6. Demonstrar empatia pelo que acontece com o outro;
7. Responsabilizar-se pelo que acontece na sala de aula, sem procurar culpados fora dela.

Através do desenvolvimento emocional, o professor presta maior atenção nas palavras, gestos, expressões, linguagens corporais e atitudes dos alunos, podendo assim melhorar a qualidade de sua aula.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

ESTRATÉGIAS PARA TRABALHAR EM GRUPO

Atualmente, trabalhar em grupo numa sala de aula significa para muitos professores trabalhar com dificuldades tanto pedagógicas quanto disciplinares. Porém, uma matéria da Revista Nova Escola de Março de 2009 demonstra ser possível trabalhar em grupo, mesmo contando com diversidades.



O procedimento de agrupar alunos em sala para ensinar baseia-se no conhecimento produzido desde o início do século XX por pesquisadores de diferentes áreas. Os estudos realizados na área destacam que para que o processo tenha condições de ocorrer, o conteúdo e o conhecimento prévio da turma devem ser levados em conta, além do intercâmbio cognitivo que pode trazer avanços conceituais.
Segundo pesquisa de Perret-Clermont, da Universidade de Neuchâtel, na Suíça, quando o grupo confronta pontos de vista moderadamente divergentes, alcança progressos significativos, independente das opiniões dos estudantes estarem certas. A pesquisadora comprovou que a diversidade de opiniões leva a conflitos, levando ao desenvolvimento intelectual e à aprendizagem.

Como estratégias para o trabalho em grupo podemos destacar:

1) Ter o conteúdo e os objetivos específicos da atividade bem definidos;
2) Investigar o nível de conhecimento prévio da turma e, de cada aluno individualmente (para a disciplina de Matemática, a atividade de diagnóstico deve ser bem definida, dentro do tema a ser estudado);
3) Diagnosticar corretamente as necessidades e para formar grupos produtivos, visando principalmente uma interação cognitiva para a construção de conhecimentos. Desse modo, os grupos devem ser formados levando em conta as habilidades de cada aluno;
4) Após estes passos, aplicar a atividade.


Os grupos devem fazer uma troca de conhecimentos horizontal (aluno com aluno) e não vertical (professor com aluno). Assim, tirar uma dúvida do grupo significa levar os estudantes a relacionar conhecimentos e informações que levem à resposta.
O trabalho de cada grupo pode ser diferente e fazer parte de um trabalho da sala toda ou também todos os grupos fazerem o mesmo trabalho.
Cabe ao professor coordenar o trabalho nos grupos para que possam ser reforçados os papéis positivos, como a proposição de idéias, manter o foco, conciliar e avaliar. E dessa forma, os papéis negativos devem ser eliminados, tais como: aluno que se retrai, quem domina, quem chama a atenção para si, quem agride e compete dentro do grupo.
Mas principalmente, que o trabalho proposto em grupo tenha significado para a turma, devendo ser uma atividade produtiva e que ajude os estudantes na construção do conhecimento.